quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Não gaste telefone eliminando pessoas do BBB. Em vez disso doe para as pessoas que perderam tudo e que precisam!

Quando eu acordei, percebi que não estava na minha cama. Minhas costas doíam, e eu sentia gosto de sangue. Alguns pedaços de madeira estavam sobre o meu corpo, e foi difícil tirá-los de cima de mim para que eu pudesse levantar. Olhei em volta, e fiquei assustado. Muito assustado. Queria gritar pela minha mãe, mas fiquei quieto. Não consegui identificar minha casa. Não consegui identificar nenhuma casa. Estava tudo caído no chão, inclusive as árvores. Foi aí que vi um homem de uniforme andando por perto. Mesmo com o corpo doendo muito, corri até ele. Ele sorriu, me pegou no colo e me levou até um helicóptero, igual ao de brinquedo que eu tenho em casa. Queria que o pai me visse andando naquele negócio. Me trouxeram para um lugar que eu acho que é o hospital. Depois de me examinarem, me deram comida. Não é tão boa quanto a da mãe, mas eu estava com muita fome. Uma enfermeira me explicou tudo. Choveu muito onde moro, e o morro, as casas, os carros e as pessoas foram levadas pela força da chuva. Antes de dormir, chorei. Não sabiam me dizer onde estavam meus pais e minha irmã. Eu estava com medo. Alguém havia acordado de mal humor naquele dia. Alguém estava bravo com as pessoas. Alguém havia nos castigado. E eu acho que sei porquê. Na semana passada o pai jogou várias sacolas de lixo no riozinho que passa do lado do quintal de casa. A professora tinha me dito que isso não se faz, mas eu não poderia ficar bravo com ele. A mãe ficou brava, e ele bateu nela. Agora eu não sei onde eles estão. Também não sei onde minha casa está. Não sei do cachorrinho que a tia me deu de presente na semana passada, não sei dos meus brinquedos. Estou morrendo de medo de não ver nada disso de novo. Não quero ficar sem meus pais, sem minha irmã, sem o Billi. Queria que Deus desculpasse meu pai, porque ele fez sem pensar, e nós não temos culpa. Eu não quero ficar, se for pra ficar sozinho. Eu dormi e acordei embaixo de destroços.(Igor, 8 anos. Teresópolis - RJ)

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